A cigarra e as formigas

                                                                                                                                                Gute Naricht

                             Certa vez, que não se sabe quando, em uma terra tão distante quanto se fosse possível ser, havia uma fatídica floresta, nela morava uma bela cigarra. Ela adorava cantar. Cantava de um tudo. De bossa nova a samba de raiz. Ali perto, mas muito pertinho, bem ali no chão, tinha uma singela colônia de formigas. Apesar da singeleza, eram muito trabalhadoras. Trabalhavam tanto que dava dó, recolhiam todo alimento necessário para o inverno, afinal, a colônia tinha que continuar em pé. E assim o tempo passava para as duas espécies.

                             Durante o ardente verão, a cigarra aperfeiçoou sua bela voz; cantou e cantou. As formigas, só observando. Dia e noite a cigarra cantava, e as formigas, só observando. Em dias de chuva, adivinhe só: a cigarra cantava. Em dias de sol, você já sabe: a cigarra só cantava. E as formigas? Só observando.

                            Quando, finalmente, o inverno chegou, as formigas se esconderam do frio dentro da colônia. Faziam festas com muita música, bebida quentinha e muita comida. A pobre cigarra, não tinha o que comer, pois ao invés de juntar alimento durante o verão, cantava sem parar. A cigarra tomou coragem e decidiu pedir alimentos para as formigas. Chegou pertinho e se inclinou para bater na porta. Ao bater, uma grande formiga, com cara de brava, logo saiu e disse:

             - O que você quer?

A pobre cigarra, não sabendo onde enfiava a cara, respondeu:

                -Olá, sou a cigarra que moro logo ali, você poderia me dar um pouco de comida?

A formiga olhou-a de cima a baixo e respondeu:

               -Só um minuto, verei com a rainha! Trancou a porta e alguns segundos depois a porta se abriu. A mais bela entre todas as formigas com toda pompa da realeza apareceu. Atrás dela, todas as outras operárias. A rainha, em tom de voz um tanto enfeitado, disse:

                -Você veio nos pedir alimento?

               -Si-sim, respondeu a cigarra humildemente.

A rainha continuou:

               -Durante todo o verão nós trabalhamos duro e você cantava! Agora nos pede alimento? Pois se cantou durante todo o verão, agora cante novamente! Minhas operárias disseram-me que sua música é maravilhosa e que as animava a trabalharem melhor! Entre agora, adorável cigarra, coma conosco e nos alegre ainda mais com suas canções.

Moral: Deus dá a todas as pessoas diferentes dons, saibamos respeitar cada pessoa e cada dom, pois assim todos podem celebrar a vida alegremente.